12 de março de 2019

O SINDICATO ELEVADO A QUATRO

Dia 21 de Março, Dia da Poesia
O SINDICATO ELEVADO A QUATRO

O Sindicato de Poesia comemora o dia 21 de Março, Dia da Poesia, não com um, não com dois, não com três, mas com quatro intervenções poéticas, em vários locais da cidade.
Ao longo de um percurso escolhido para ser central e, por isso, mais funcional, e a partir das 18 horas, o Sindicato dá a ouvir a poesia de poetas tão (des)conhecidos como o bracarense João Penha (na Biblioteca Pública de Braga e a convite desta), numa selecção de textos realizada por Henrique Barreto Nunes. Uma hora mais tarde, na Livraria Centésima Página, o Sindicato dirá poetas praticamente desconhecidos que, por esta ou por aquela razão, ficaram plasmados em algumas colectâneas que os anos fizeram esquecer, numa selecção (des)empoeirada de Eduardo Jorge Madureira. Às 21 horas, no Café A Brasileira, e para contrapesar este acto poético, o Sindicato dirá poetas que são recorrentes nas bocas sindicais, seleccionados por Marta Catarino. E, uma hora depois, no Edifício dos Congregados, Universidade do Minho, à volta de um piano, o Sindicato cantará/dirá um conjunto de poetas que sofreram a intervenção de uns quantos compositores, quase todos contemporâneos uns dos outros, numa selecção da soprano bracarense Raquel Mendes.
A estes quatro momentos poéticos, quase peregrinação, podem assistir, livremente, todos os que se quiserem associar a esta poética comemoração. Podem assistir apenas a uma, ou a duas, ou a três, ou mesmo às quatro manifestações poético-plenárias, ou a nenhuma. Ou podem estar na véspera, no Porto, no espaço Mira, a assistir a apenas uma das partes. Ou não. E ficaremos amigos, como sempre. Sonetos perfeitos com chaves d'ouro, quadras e tercetos para a posteridade.

António Durães




18h00Biblioteca Pública de Braga/Largo do Paço/Salão Medieval – UM POETA (DES)CONHECIDO DE BRAGA (João Penha) – selecção de poemas por Henrique Barreto Nunes
com: Ana Cristina Oliveira, António Durães, Daniel Pereira, Dinarte Branco, Maria do Céu Costa, Sebastião Maia

19h00 – Livraria Centésima Página – UNS POETAS QUE NINGUÉM CONHECE – selecção de poemas por Eduardo Jorge Madureira
com: Ana Arqueiro, Carla Carvalho, Dalila Monteiro, João Figueiredo, Teresa Ferreira

21h00 – Café A Brasileira – UNS POETAS QUE TODA A GENTE CONHECE – selecção de textos por Marta Catarino
com: Estefânia Surreira, Luís Barroso, Marta Catarino, Paulo Pereira, Teresa Monteiro
(Nota: este recital será apresentado também no espaço MIRA, Porto, na véspera)

22h00Edifício dos Congregados, Universidade do Minho – UNS POETAS CANTADOS/recital de canto e piano – selecção por Raquel Mendes
com: Gaspar Machado, Hugo Peres (piano), Joana Vilaverde, Raquel Mendes (soprano)





JOÃO PENHA nasceu em Braga em 1839, onde passou uma infância descuidada, até conseguir ir para Coimbra que lhe moldará a sua personalidade. Ali permanece vários anos até conseguir inscrever-se na Universidade, primeiro em Teologia em 1866 e logo a seguir em Direito.
Estudante em horas muito vagas, deixou uma perdurável fama de boémio inveterado, de cáustica irreverência, mas também de poeta de qualidade, vivendo na Lusa Atenas até aos 34 anos, quando finalmente concluiu a licenciatura em Direito.
Conviveu com as maiores figuras que então frequentaram a universidade, viveu a Questão Coimbrã, foi íntimo de alguns dos mentores da Geração de 70 (Antero, Eça). Fundou em 1868 “A Folha”, marcante revista literária em que colaborou assiduamente, bem como noutros jornais e revistas académicos, onde a parte da sua formação clássica se revela, mas sendo seguidor dos ideais de um certo romantismo, não enjeitando depois o parnasianismo que bebeu na leitura de poetas franceses.
Regressou a Braga em 1874, onde montou banca de advogado, fundou outra revista e publicou finalmente o seu primeiro livro, “Rimas” (1882).
A mulher e o amor, os prazeres da mesa e do vinho, a natureza, são temas que enformam grande parte das suas composições, sobretudo sonetos.
Em Braga pode dizer-se que se afastou do “mundo”, embora continue grande leitor e mantenha correspondência assídua com os seus pares, dedicando-se à advocacia e ao sustento de numerosa família, suspirando sempre pelo amor de uma mulher que nunca alcançou.
Publicou mais alguns livros (“Viagem por terra ao país dos sonhos”, 1898; “Por montes e vales”,1899; “Novas rimas”, 1905; “Ecos do passado”, 1914; “Últimas rimas”, 1919; e postumamente “O canto do cisne”, 1923), colaborando em prosa e verso em muitas publicações periódicas.
Viveu os últimos anos com grandes dificuldades, tendo sobrevivido graças a uma pensão vitalícia que o Governo lhe atribuiu.
Morreu em 1919 e Braga consagrou-lhe a memória erigindo-lhe um busto e atribuindo o seu nome a um largo.

Henrique Barreto Nunes



Alinhamento do recital UM POETA DE BRAGA
(18h00, Biblioteca Pública de Braga/Largo do Paço/Salão Medieval)

1. Almôço Campestre / António Durães + Daniel Pereira + Sabastião Maia
2. Autobiographia / António Durães + Dinarte Branco
3. No Verão / Ana Cristina Oliveira
4. O Juiz / Céu Costa
5. A Aldeia / Daniel Pereira
6. Freira / Ana Cristina Oliveira
8. O Eterno Feminino / Céu Costa
9. A Avaliação / António Durães + Dinarte Branco
10. Record / Ana Cristina Oliveira
11. Lamúrias / Céu Costa
12. O Brito / Daniel Pereira
13. A Ré / Ana Cristina Oliveira
14. A Derrocada / Céu Costa
15. VIII Canção de Bohemios / Daniel Pereira
16. Última Vontade / António Durães + Dinarte Branco
17. Como Eva / Céu Costa
18. Em Coimbra / Daniel Pereira
19. O Fim / António Durães + Dinarte Branco




UNS POETAS QUE NINGUÉM CONHECE

O Sindicato de Poesia homenageia os obreiros da poesia anónimos. Publicaram no início do século XX, mas a luz de Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e José de Almada Negreiros obscureceu-os. Ficaram À Sombra de Orfeu, título da obra de Maria Estela Guedes, que os antologiou num volume da Colecção Textos Esquecidos. A sombra ocultou mais uns do que outros.
Entre os mais ignorados, encontram-se o Senhor general Fernandes Costa (1848-1920); a Senhora professora D. Angelina Vidal (1853-1917); o Senhor Narciso de Lacerda (1858-1913), funcionário público; o Senhor Paulino de Oliveira (1864-1914), cônsul em São Paulo, casado com Ana de Castro Osório, grande amiga de Camilo Pessanha e editora de Clepsidra; a Senhora D. Maria O’Neill (1874-1932), adepta do espiritismo; o Senhor Rodrigo Solano (1879-1910), professor do liceu e, a seguir, jornalista; e o Senhor Duarte de Viveiros (1897-1937), formado em Direito.
O primeiro poeta apresentado no livro À Sombra de Orfeu é o Senhor Dr. João Penha, ilustre bracarense, também advogado.

Eduardo Jorge Madureira



Alinhamento do recital UNS POETAS QUE NINGUÉM CONHECE
(19h00, Livraria Centésima Página)

1. Aparências, Maria O’Neill / Ana Arqueiro
2. “Na trapeira que dá para uns telhados”, Rodrigo Solano / Teresa Ferreira
3. Estefânia, Fernandes Costa / Carla Carvalho
4. Lady Quimera, Duarte de Viveiros / João Figueiredo
5. A aragem, Angelina Vidal / Dalila Monteiro
6. Ao boi, Rodrigo Solano / Carla Carvalho
7. A lua, Angelina Vidal / Teresa Ferreira
8. “Se creio em ti, meu Deus!”, Narciso de Lacerda / João Figueiredo
9. Soror Mariana, Fernandes Costa / Ana Arqueiro
10. Partiste esta manhã, Maria O’Neill / Teresa Ferreira
11. Rastros, Paulino de Oliveira / Dalila Monteiro
12. Antes a dúvida…, Maria O’Neill / Carla Carvalho
13. Coro das pombas, Angelina Vidal / Dalila Monteiro
14. Remorsos do mar, Rodrigo Solano / Ana Arqueiro
15. Inês de Castro, Fernandes Costa / Carla Carvalho
16. Lira de Orfeu, Rodrigo Solano / João Figueiredo
17. Como eu amo, Maria O’Neill / Teresa Ferreira
18. Resposta, Paulino de Oliveira / Ana Arqueiro
19. Crepuscular, Paulino de Oliveira / Dalila Monteiro
20. Aos desesperados, Duarte de Viveiros / João Figueiredo




UNS POETAS QUE TODA A GENTE CONHECE
  
Desde 1996, muitos foram os poetas que o Sindicato de Poesia respirou, trabalhou, partilhou, trouxe a plenário. De Teixeira de Pascoaes a Ana Luísa Amaral, de Rimbaud a Beckett, de Adélia Prado a Maiakovski. Aqui diremos apenas poetas portugueses que fazem parte do nosso imaginário coletivo: os que mais revisitamos, os que mais nos marcaram, em suma, os que ficaram connosco e connosco respiram. Não há nenhum critério na seleção além do dos afetos. De diferentes épocas, estilos e temas, algumas das vozes que representam a vibrante diversidade da poesia em português.

Marta Catarino



Alinhamento do recital UNS POETAS QUE TODA A GENTE CONHECE
(21h00, Café A Brasileira)

1. , Alberto Pimenta / Paulo Pereira
2. Pátria, Sophia de Mello Breyner / Teresa Monteiro
3. Portugal, Jorge Sousa Braga / Luís Barroso
4. Peregrino e hóspede sobre a terra, Ruy Belo / Estefânia Surreira
5. No país, Mário de Cesariny / Marta Catarino
6. A sereia das pernas tortas, Adília Lopes / Estefânia Surreira
7. Esplanada, Manuel António Pina / Paulo Pereira
8. Uma pequenina luz, Jorge de Sena / Teresa Monteiro
9. Nunca conheci quem tivesse levado porrada, Fernando Pessoa / Marta Catarino
10. Homens que são como lugares mal situados, Daniel Faria / Paulo Pereira
11. Abertura, António Gancho / Luís Barroso
12. Ninguém meu amor, Sebastião Alba / Estefânia Surreira
13. Receita para fazer o azul, Nuno Júdice / Teresa Monteiro
14. Um poema, Herberto Helder / Marta Catarino




UNS POETAS CANTADOS

Muitos foram os poetas que, ao longo de vários séculos, captaram a atenção de inúmeros compositores para musicarem parte da sua obra. Neste recital, embarcaremos numa viagem poético-musical através do género da canção portuguesa para voz e piano, que nos revelará uma diferente abordagem da palavra: a palavra com voz cantada, frente a frente com a palavra com voz falada. Poemas de Luís de Camões, Almeida Garret, Fernando Pessoa, Eugénio de Andrade, António Correia de Oliveira, Florbela Espanca e António Sardinha serão escutados assim mesmo, tal como os poetas os compuseram, e, logo a seguir, potenciados pela música de Jorge Croner de Vasconcellos, Victor Macedo Pinto, António Fragoso, Vianna da Motta, Eurico Carrapatoso, Fernando Lopes Graça e Ivo Cruz, sendo, alguns destes, contemporâneos dos poetas mencionados.

Raquel Mendes



Alinhamento do recital UNS POETAS CANTADOS
(22h00, Edifício dos Congregados, Universidade do Minho)

soprano: Raquel Mendes
piano: Hugo Peres

1. “Descalça vai para a fonte”, Luís de Camões, Jorge Croner de Vasconcellos / Joana Vilaverde
2. “Pus meus olhos numa funda”, Luís de Camões, Jorge Croner de Vasconcellos / Gaspar Machado
3. “Na fonte está Leonor”, Luís de Camões, Jorge Croner de Vasconcellos / Joana Vilaverde
4. “As horas pela alameda”, Fernando Pessoa, Victor Macedo Pinto / Gaspar Machado
5. Minuete invisível, Fernando Pessoa, Victor Macedo Pinto / Gaspar Machado
6. Eu, Florbela Espanca, Eurico Carrapatoso / Joana Vilaverde
7. “Impetuoso, o teu corpo é como um rio”, Eugénio de Andrade, Fernando Lopes Graça / Joana Vilaverde
8. “A tua vida é uma história triste”, Eugénio de Andrade, Fernando Lopes Graça / Gaspar Machado
9. Embalando o menino, António Correia de Oliveira, António Fragoso / Joana Vilaverde
10. Soneto de Ávila, António Sardinha, Ivo Cruz / Gaspar Machado
11. “Por teus olhos negros, negros”, Almeida Garrett, Vianna da Motta / Joana Vilaverde

















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