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Ficha artística
Produção: Sindicato da Poesia, em colaboração com a Biblioteca Pública de Braga
Guião e direcção: Luís Assis
A partir de textos de Peter Brook, Samuel Beckett, Sophia de Mello Breyner Andresen, Maria Ondina Braga, Gunnar Ekelöf, David Lodge, Georges Darien, Pier Vittorio Tondelli, Cesare Pavese, Afonso Cautela, Mário Cláudio, Bernard Heidsieck e Charles Bukowski
Selecção de textos: Ana Gabriela Macedo, Eduardo Jorge Madureira, José Miguel Braga, Luís Assis e Sofia Saldanha
Assistente: Marta Catarino
Iluminação: António Fonseca, Luís Assis e Marcantónio del Carlo
Operação de som e luz: Patrício Coimbra
Elenco: Afonso Pimenta, António Fonseca, Filipa Sequeira, Francisco Areias, Laura Machado, Margarida Fernandes, Maria José Dória, Marta Catarino, Raquel Matos, Renato Nóbrega, Rita Oliveira e Henrique Matos
Estreia: 24 de Março de 1999, no edifício do antigo tribunal, Campo da Vinha – Braga (até 28 de Março)
Espectáculo subsidiado pelo Ministério da Cultura
Texto da folha de sala
Quando o Sindicato da Poesia me convidou para dirigir um dos recitais do ciclo “Malditos do Século, Os pecados e as virtudes”, propuseram-me dois temas possíveis: a esperança e a avareza. Para alguém com 27 anos a escolha óbvia talvez devesse ser a esperança, mas não era de esperança que eu tinha necessidade de falar. A avareza de que se fala neste recital será, no entanto, muito menos a tradicionalmente aceite da posse pecuniária, do que umas outras, mil vezes mais imperceptíveis: as dos sentimentos, das palavras, da generosidade humana com o próximo, da generosidade do homem consigo mesmo. E quase como uma auto-ironia, a avareza implícita da criação teatral e do trabalho do actor. Cada gesto, cada olhar, cada mínimo pensamento ou emoção cuidadosamente medida e calculada. Cada acto comunicante, no fundo, um exorcismo pessoal e egoísta. Em cada oferenda a um possível interlocutor, a necessidade premente de se fazer ouvir, mais do que estar atento. (Não) será isto também uma forma de avareza?
(Luís Assis)
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