quarta-feira, 5 de março, 18h30
Museu Nogueira da Silva, Sala Ondina Braga
A Habitação de Jonas
(Inês Fonseca Santos)
A poeta
trabalha uma das mais impressivas narrativas da Bíblia, a dos três dias
passados por Jonas na barriga da baleia. É nesse túmulo pulsante que tem “no
lugar da porta a boca do peixe”, que o profeta se redime. Nos 24 poemas ouvimos
Jonas, mas também a história de amor entre um casal desconhecido, enredado na
fluidez marinha da casa a que regressam.
“Jonas
passou três dias e três noites no ventre de uma baleia, informa o evangelho
segundo S. Mateus. A história bíblica é no entanto muito anterior e o próprio livro
de Jonas não identifica o grande animal marinho dentro do qual terá estado o
profeta. Segundo a bíblia seja qual for a criatura dos mares que o salvou,
proporcionou-lhe também uma experiência de morte e ressurreição que o conduziu
ao arrependimento. É justamente a partir desta história bíblica que Inês
Fonseca Santos constrói o seu segundo livro de poesia.
De uma unidade
formal irrepreensível. Ao todo são 24 poemas representando os três dias de
clausura que servem a Jonas de redescoberta. Só que do primeiro para o segundo
dia, da primeira para a segunda secção deste longo poema, em 24 partes,
passa-se da história bíblica para a história de um casal: um eu, uma ela que
podem ser todo o mundo e ninguém.
A habitação de
Jonas torna-se casa comum e acontecia então o regresso dela. Ela regressava a
casa cada vez mais distante dele, por dentro das paredes como um animal manso,
descalça ia pela madeira, nas mãos, os sapatos soltando as pedras, ele
procurava-a, colhendo pedra a pedra um destino, o destino dele, o destino dela.”
Carlos Vaz
Marques, in TSF 09.05.2013
Poemas ditos por:
A Habitação
de Jonas – António Durães
Jonas chegou
a casa – Ana Gabriela Macedo
Jonas
desconhecia – Manuela Martinez
O coração de
Jonas – Fernando Coelho
Jonas
começou – António Durães
Jonas sabia
falhar – Manuela Martinez
Jonas
caminhava – Ana Gabriela Macedo
Jonas pensou
– Fernando Coelho
Jonas só
compreendeu – Ana Gabriela Macedo
Era então
demasiado tarde – António Durães
As escadas
tinham – Manuela Martinez
Jonas não sabia
– Fernando Coelho
O meu jardim
– Manuela Martinez
A nossa casa
– Fernando Coelho
A nossa vida
– Ana Gabriela Macedo
Havia muitos
dias – António Durães
Nesses dias
– Ana Gabriela Macedo
E no entanto
– Manuela Martinez
Ele
regressava – Fernando Coelho
Em casa – António
Durães
E no entanto
havia – Ana Gabriela Macedo
E acontecia
– Fernando Coelho
As minhas
dúvidas - Manuela Martinez/Fernando Coelho
Senhor,
liberta-me – António Durães
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