31 de janeiro de 2013

Hélia Correia - NOVAS OPORTUNIDADES (1)





NOVAS OPORTUNIDADES
Para fugir aos estudos”. Assim começou, em 1996, o Sindicato de Poesia, com Ana Gabriela Macedo, António Durães, António Fonseca, Eduardo Jorge Madureira, Fernando Coelho, José Miguel Braga e Marta Catarino. Para a sede do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços do Minho, na Rua do Souto, em Braga, foram convocadas as primeiras manifestações poéticas, que divulgaram grandes poetas portugueses dos séculos XIX e XX, de Cesário Verde a Ana Luísa Amaral, passando por, entre outros, Jorge de Sena, Ruy Belo, António Gancho, Manuel António Pina e Alberto Pimenta.
Tendo, portanto, fugido aos estudos, distraído pela “mosca popular”, “avioneta escolar” no poema de Alexandre O’Neill, o Sindicato de Poesia regressa agora com Novas oportunidades. Novas oportunidades para ler, reler e ouvir a poesia portuguesa. As sessões terão lugar nas últimas quartas-feiras de cada mês, sempre às 18h30, no Museu Nogueira da Silva, no Espaço Maria Ondina Braga, escritora que, assim, também, se pretende homenagear.
“Para quê, perguntou ele, para que servem / Os poetas em tempo de indigência?”. Assim começa Hélia Correia o livro A terceira miséria, (Lisboa: Relógio d’Água, 2012). E é com estes versos, esta pergunta e esta obra que o Sindicato de Poesia começa hoje as Novas oportunidades.

Dizem A Terceira Miséria: António Durães, Eduardo Jorge Madureira, Fernando Coelho, Gaspar Machado, Manuela Martinez e Marta Catarino




1.     Para quê, perguntou ele, para que servem …EJM
2.     Essa beleza que era também espanto …MM
3.     Tardia já, pois não restava mesmo …AD
4.     E, sobre a indigência, não havia …MC
5.     Diz-se: a nossa indigência nada tem …GM
6.     Porém, passada …FC
7.     Nós, os ateus, nós, os monoteístas, …EJM
8.     Onde está ela, …MM
9.     Para quê, perguntou ele, para que servem …AD
10.  Só mais tarde o outro, …MC
11.  Sabemos, …GM
12.  Diz-me, onde está Atenas?, perguntava. …FC
13.  Não sei perseverar assim, escrevia …EJM
14.  Oh, conheci-a, …MM
15.  Oh, sim, ele conhecia-a …AD
16.  Ele conhecia …MC
17.  Para que servem os poetas se não podem …GM
18.  Sim, foi essa …FC
19.  A segunda miséria: não a morte …EJM
20.  E veio outra miséria, em interlúdio: …MM
21.  Às suas mãos, …AD
22.  E como que o ouviam, …MM
23.  A terceira miséria é esta, a de hoje. …GM
24.  O que não sabe …FC
25.  Sim, falamos de sombras. Vendo bem, …EJM
26.  Humilhado lugar, empobrecido …MM
27.  Oh Grécia que chamaste Byron como …AD
28.  «Acorda – a Grécia não que está desperta – …MC
29.  «Que o meu corpo não seja», escreveu ele, …GM
30.  Para onde olharemos? Para quem? …FC
31.  E pode …EJM
32.  Estão as praças, …FC
33.  De que armas disporemos, senão destas …AD



A Terceira Miséria, de Hélia Correia

A última página deste livro, imediatamente antes do índice, é uma lista de nomes de autores e de títulos. Ao cimo, a explicação: “Dívida confessada”. Uma dívida que vai de Ésquilo a Maria Gabriela Llansol, passando por Nietzsche ou Holderlin.
O regresso de Hélia Correia à poesia é um regresso à memória e aos clássicos. É isso que explica o título deste longo poema dividido em 32 secções: «A terceira miséria é esta, a de hoje. / A de quem já não ouve nem pergunta. / A de quem não recorda».
Hélia Correia tem-se dedicado mais à prosa do que à poesia. É a autora de dois romances notáveis: Lillias Fraser e Adoecer. Na escrita para teatro tem privilegiado o diálogo com os clássicos gregos, um diálogo que também está presente nas histórias que escreveu para leitores mais novos e que têm como protagonista Mopsos, o Pequeno Grego.
Essa paixão pela Grécia, desde há muito presente na obra de Hélia Correia, desagua agora neste livro de poesia, onde a Grécia clássica surge como farol e como impossibilidade: «Para onde olharemos? Para quem? / Certo é que Atenas se mantém oculta / E de algum modo intacta, por debaixo / Do alcatrão, do ferro retorcido. / Certo é que nunca ressuscitará / Visto que nada ressuscita».

Carlos Vaz Marques. TSF, 21 de Março de 2012

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