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Nos dias 2, 3 e 4 de Julho, às 21h45, no Museu Nogueira da Silva, o SINDICATO DE POESIA apresenta EKPHRASIS.
Uma viagem (guiada) por uma espécie de instalação poética performada, criada nalgumas das zonas menos acessíveis ao Museu. Quando, finalmente, os “habitantes animados da instalação” e as “guias dançantes” se reúnem no salão nobre, estação intermédia da viagem, consuma-se o corpo principal do recital.
Ekprasis resulta da soma de várias reflexões poéticas sobre outros tantos objectos pictóricos. É poesia inspirada na pintura, ou o discurso poético que produz comentário e reflexão a partir de algumas obras maiores da pintura.
E há um fado. E uma canção sobre uma fotografia de um pintor. E uma canção sobre a viagem.
“ekphrasis – a vi a gem
São só poemas, pá, que caminham por dentro da casa, palavras pintadas, até à carreira do recital.
E nós, pá, caminhamos como se a estrada fosse atapetada de poesia. Como se a estrada, ela própria, fosse poesia. Como se os poemas fossem farinha demarcando o caminho atapetado de poemas. Ou ao contrario, pá. Como se os poemas estivessem desenhados a alcatrão no castanho da terra. Sabe-se lá.
Solidificando o caminho.
Materializando o percurso.
Sinalizando, dengosos, cada curva, a hora que os ultrapassa, o dia, a estação e o mistério.
A viagem, pá, (exmos. senhores, digo!), e para que fiquem sabendo, faz-se a partir do poema pintado. Da pintura. E depois dela, da palavra poética. Do poema. Do discurso ekphrásico.
Ekphrasis, o próximo recital do Sindicato de Poesia, quer ser isso mesmo: uma viagem. Tripla. Por dentro da casa; por dentro de nós; por dentro da cumplicidade convosco. Uma viagem, também, feita por dentro da poesia, por dentro da pintura e, logo, por dentro do discurso.
No autocarro ekphrásico se viaja, nos dias 2 e 3 e 4 de Julho, com partida marcada para as 21h45 de cada um deles, do cais de embarque do Museu Nogueira da Silva, em Braga.
Mas antes de se chegar ao quadro, à pintura, a Rembrandt e a Picasso, a Magritte e a Goya, a Malhoa e a tantos mais, o autocarro do recital há-de parar em sítios obrigatórios: numa cozinha para que os estômagos se afaguem com rabanadas e canela, e sopa de tomate, mas não da enlatada como Andy consagrou; no quarto, para que o sono seja reposto no leito onde, outrora, também dormiu Salazar e Cerejeira, sempre que eram visitas lá de casa; na capela onde se rezará cantando por uma viagem longa e rica, plena de aventuras; no jardim onde regaremos rosas de papel de seda, antes do alho, da couve e dos outros legumes irmãos da rosa; no pátio onde retocaremos muros gastos como se fossem novas telas e procuraremos a água do poço, para a bebermos; na pérgola, com um pé na gola da música ainda indecifrável; e, finalmente, na nobreza do recital em salão.
Chegamos quando chegarmos, que a viagem quer-se longa.
Agora apresentem os vossos bilhetes, se fazem favor!
Pois, como dizia o poeta,
"Na primavera ou no verão
usava sempre sapatos de duas cores
e glicínias como atacadores"!
E boa viagem.”
EKPRASIS
dias 2, 3 e 4 de Julho (sexta, sábado e domingo)
21h45
Museu Nogueira da Silva, Braga
plenário dos trabalhadores: ana gabriela macedo, ana arqueiro, carolina losa, daniel pereira, gabriela barros, gaspar machado, joão figueiredo, lara franco, luís barroso, manuela martinez, paulo pereira, sandra andrade, susana cerqueira e vânia gonçalves;
delegação sindical: antónio durães;
secção panfletária: luís mestre;
secção fotográfica: manuel correia;
secção vídeo: márcio paranhos
cumplicidade: museu nogueira da silva;
apoio: rádio universitária do minho;
ALINHAMENTO
O Candidato
Sylvia Plath
sobre “Homenagem a Mack Sennett”, de René Magritte
tradução de Ana Maria Chaves
Fado Malhoa
José Galhardo
sobre “O Fado” de José Malhoa
Os Jogadores de Cartas
Philip Larkin
sobre “Os Jogadores de Cartas” de Adriaen Brower
tradução de Rui Carvalho Homem
Número 1 de Jackson Pollock
Nancy Sullivan (1965)
sobre “Número Um” de Jackson Pollock
tradução de Eugénia Brito
Pátios em Delft (Pieter de Hooch, 1659)
Derek Mahon
sobre “O Pátio de uma Casa em Delft” de Pieter De Hooch,
tradução de Rui Carvalho Homem
Musée dês Beaux Arts
W.H. Auden
sobre “A Queda de Ícaro” de Pieter Bruegel, o Velho
tradução de Margarida Vale do Gato
Carta aos meus Filhos sobre os Fuzilamentos de Goya
Jorge de Sena
sobre “O três de Maio” de Francisco Goya
“A Cadeira Amarela”, de Van Gogh
Jorge de Sena
sobre “A Cadeira” de Van Gogh
“A Morta”, de Rembrandt
Jorge de Sena
sobre “A Morta”, de Rembrandt
Diálogo com a Figura do Profeta Jeremias,
pintada por Miguel Ângelo no Tecto da Capela Sistina
Ruy Belo
sobre “Jeremias” pintado no tecto da Capela Sistina de Miguel Ângelo
Enterro em Ornans
Nuno Júdice
sobre “Enterro em Ornans” de Gustave Courbet.
Cortando Batata de Semente
Seamus Heaney
sobre Pieter Bruegel, o Velho (“A Ceifa”)
tradução de Rui Carvalho Homem
Clareiras – Em memória de M.K.H., 1911-1984
Seamus Heaney
sobre “Mulher Descascando Maçãs” de Pieter De Hooch
tradução de Rui Carvalho Homem
Before the Mirror
John Updike
sobre “Mulher em Frente ao Espelho” de Pablo Picasso
tradução de Eugénia Brito
René and Georgette Magritte with their Dog after the War
Paul Simon
sobre fotografia de René e Georgette Magritte com o seu cão
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